sexta-feira, 21 de maio de 2010

Howard Webb. Um polícia que agora luta para não ser ladrão

Diz a sabedoria popular que os árbitros são todos uns ladrões. Seja pelos penáltis não marcados, os golos em fora-de-jogo ou os estranhos cartões, tudo parece ser desculpa para tratar os homens do apito como criminosos.
Howard Webb sabe bem como é lidar com criminosos. Apesar de estar numa pausa sabática de meia década, o inglês de 38 anos é polícia. Deixou de ser, momentaneamente, porque o futebol passou a ser uma obsessão a tempo inteiro. Sem férias e com chamadas consecutivas para jogos internacionais a meio da semana, Webb percebeu que ser polícia tinha deixado de ser uma profissão conciliável com a de árbitro. Até pelo comportamento dos criminosos com quem lidava: "Houve uma altura em que pedi para assinarem uma declaração e eles ripostavam com um pedido de autógrafo, dizendo que me tinham visto na televisão uns dias antes." O fascínio por Webb chega aos estádios, onde é comum haver crianças a gritar por autógrafos das bancadas. "Quando se está em Old Trafford, perante 70 mil pessoas, não é o mais apropriado", explicou.
A vida de Howard Webb é constantemente influenciada pelo futebol e nem o facto de ser polícia o deixa imune a furtos. Pelo menos foi isso que aconteceu quando, na manhã de um jogo entre Derby County e Nottingham Forest, o saco desportivo de Webb foi tirado do seu carro. Ao que parece, os cartões, os apitos, os relógios e o sistema de comunicação eram mais valiosos do que o sistema de navegação de última geração. Tinha sido o árbitro Howard Webb a ser assaltado e não apenas o comum Howard Webb.

HOMÓNIMOS Se não é fácil ser o árbitro Howard Webb, ser apenas Howard Webb é ainda mais difícil. Que o diga o engenheiro inglês com o azar de morar na mesma cidade.
Depois do Áustria-Polónia da fase final do Europeu em 2008, em que Webb, o árbitro, assinalou uma grande penalidade duvidosa contra a Polónia, Webb, o engenheiro, sofreu na pele. Recebeu ameaças telefónicas, ficou com o email entupido com mensagens agressivas e viu a vida ser virada do avesso. A situação atingiu uma dimensão tal que a polícia local lhe ofereceu protecção.
A arbitrar na liga inglesa, Webb não escapou a alguns episódios com Ronaldo e Mourinho. O internacional português que agora joga no Real Madrid foi expulso por Webb por acumulação de amarelos. Ronaldo não gostou e reagiu: "Não teve os mesmos critérios nos cartões. Poupou a expulsão do Pedersen, mas deu-me amarelo por um lance igual."
Já José Mourinho foi interveniente num dos jogos mais difíceis da carreira de Webb, a final da Taça de Inglaterra de 2007 entre Chelsea e Arsenal, que terminou com três expulsões: "O jogo terminou com vários confrontos e com a entrada de Mourinho e Wenger em campo para acalmar os jogadores. As finais não deviam acabar assim, com tantas expulsões."
Amanhã, Howard Webb volta a estar numa final com Mourinho. Sem expulsões?

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