segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Entrevista a Manuel Custódio

Manuel Custódio ao centro nos seus tempos de árbitro.
À nossa esquerda Cristóvão Ramos e à direita Carlos Vidonho

Arbitragem de Futebol e Futsal - Quem é senhor Manuel custódio que está ligado à arbitragem há vários anos. Retroceda um pouco no tempo e faça-nos um breve resumo desde a sua entrada neste mundo até aos dias de hoje.
Manuel Custódio - Quem é o Manuel Custódio? É um indivíduo que nasceu na aldeia da Trindade há 51 anos e que reside em Albernoa há 22.
Profissionalmente sou empregado bancário em Beja, dando seguimento a uma carreira profissional iniciada em Janeiro de 1983 em Lisboa no antigo Banco Português do Atlântico. Seis anos depois fui para Castro Verde onde trabalhei durante 11 anos. Foi nessa época que a jogar futebol fracturei uma perna e fiz rotura de ligamentos. Um dia, quando assistia a um jogo de futebol do INATEL em Albernoa, em que o árbitro não havia comparecido, e depois de insistirem comigo para fazer o favor de apitar o jogo, aceitei o desafio, conseguindo ter um desempenho do agrado de todos, o que raramente acontece.
Algum tempo depois, numa conversa em Castro Verde com o Sr Mário Alves, Presidente do Conselho de Arbitragem na altura, tive conhecimento de um curso que iria decorrer em Beja e para o qual me inscrevi, sendo meu formador o árbitro internacional José Rosa Santos, decorria o ano de 1989, já eu tinha 30 anos de idade, o que me limitava claramente em termos de carreira. Entretanto depois de 1 ano de estagiário, 1 de 2ª e 2 de 1ª divisão, o 1º como assistente do António Cavaco nos quadros nacionais, subi eu próprio à 3ª divisão com 35 anos.
Estive nos quadros nacionais como árbitro durante 7 anos , e mais tarde tirei o curso de Monitores da Federação Portuguesa de Futebol, de forma a estar habilitado a formar novos árbitros para o nosso Conselho Regional de Beja. Ao longo dos tempos contribui, conjuntamente com outros colegas para que aparecessem no nosso meio alguns árbitros valorosos que pertencem ou pertenceram aos quadros da Federação como o Tiago Canário, o João Constantino ou o João Pereira por exemplo.

AFF - Foi promovido há sete anos atrás aos nacionais como Observador de Futebol de 11. A excelente classificação desta época correspondeu às suas expectativas?
MC - A classificação desta época é boa se considerarmos que ser 8º classificado num universo de mais ou menos 60 observadores é sempre positivo, contudo não considero que uma época é melhor ou pior por ser 8º ou 40 º, isto porque o que acaba por afectar esta classificação, muitas vezes são “pormenores” que nada têm a ver com uma análise mais ou menos competente ao trabalho de um árbitro; acontecem por vezes pequenos descuidos como uma falha no número do jogo, na hora de inicio do mesmo ou o esquecimento de colocar que exibiu a placa com o número de minutos de compensação e estes deslizes de menor importância acabam por afectar demasiado a classificação final.

AFF - Que meta se propõe a atingir enquanto observador? Chegar aos campeonatos profissionais?
MC
- Tentarei sempre ficar classificado o melhor possível, aliás, como sempre faço em tudo na vida, não só na actividade desportiva. Contudo reconheço, que apesar de um dia gostar de experimentar o futebol profissional, este momento ainda não é o mais adequado em virtude da minha profissão não me permitir a disponibilidade de tempo, uma vez que há jogos praticamente todos os dias de Norte a Sul, não esquecendo as Ilhas, o que provavelmente iria colidir com os meus interesses profissionais. Entretanto não nego que um dia gostava de conhecer a vertente de Observador no futebol da liga.


AFF - Considera estar a arbitragem distrital de boa saúde?
MC
- A arbitragem Distrital pode não estar com a saúde que todos nós pretendemos, uma vez que esta época além de falharmos a subida de um jovem árbitro, tivemos duas descidas da 2ª divisão Nacional, o que é um recuo no trabalho que tem sido executado nos últimos anos, no entanto é indiscutível, que não tendo árbitros da dimensão dos Internacionais Veiga Trigo ou Rosa Santos, continua a ser a arbitragem, quem melhor representa o futebol do Distrito a nível Nacional.

AFF - Concorda com a introdução das novas tecnologias no futebol para evitar alguns erros dos árbitros?
MC - Concordo com pequenas introduções, como colocarem um chip na bola ou uma câmara que apanhe a linha de golo, para que quando a bola entra ser mesmo golo, e quando não transponha a linha não ser validado. Mas só isto, porque se anularem os lances polémicos que levam à discussão durante a semana, o Futebol deixa de ser o espectáculo apaixonante que arrasta multidões e passa a ser uma modalidade desportiva toda certinha que perde o “o sal e a pimenta” que lhe dão o gosto.

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