sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entrevista a José Teodósio

Arbitragem de Futebol e Futsal - Quem é senhor José Teodósio que está ligado à arbitragem há vários anos. Retroceda um pouco no tempo e faça-nos um breve resumo desde a sua entrada neste mundo até aos dias de hoje.
José Teodósio - Os primeiros passos que dei na arbitragem foram aos 18 anos no campeonato da FNAT, hoje Inatel, jogava nos juniores do Despertar e como pessoa responsável, era o capitão de equipa e o treinador José Manuel endereçou-me o convite para fazer parte de uma equipa de arbitragem juntamente com ele e o meu amigo José Laço (hoje Massagista da Selecção Nacional Sub-21) depois de pensar um pouco na situação aceitei, começando a dar os primeiros passos como Fiscal de Linha e depois árbitro. Era assim nos domingos de manhã jogávamos futebol no Flávio dos Santos e á tarde marchávamos caminho de uma terreola qualquer, equipavamo-nos dentro do carro que era pertença do Sr Nobre que por sua vez fazia de delegado e lá íamos fazendo uns joguinhos e ganhando umas massas e se a coisa corria bem ficávamos para a farra até as tantas, se corresse mal, claro vamos a marchar que se faz tarde, mas felizmente correu tudo maravilhosamente bem. Depois imigrei para Sines onde estive 4 anos a trabalhar e cheguei a ser jogador do Vasco da Gama (contrato assinado, mas ao fim de um mês devolvi o dinheiro que me tinham dado e rescindi, sendo dispensado ao Porto Covo, como ao fim de semana queria era vir para Beja (O castelo tem que estar á vista), já namorava aquela que é hoje minha esposa) então o PCovo ainda está a minha espera)). Depois a tropa e claro fiquei por Beja e numa cavaqueira ás Portas de Mértola, Teixeira Correia convida-me para ir para a arbitragem e que iria abrir um Curso Candidatos a árbitros então não perdi tempo, inscrição e logo a fazer FLinha todos os fins de semana até tirar o Curso (decorriam os anos 80) e depois estreei-me oficialmente num Vila De Frades- Cuba em Juniores e parecia-me que toda a gente (e muita gente assistia aquele jogo,aquilo é que eram jogos) dizia mal de mim, mas não foi assim deram-me os parabéns e o Teixeira derramou-me uma garrafa de cerveja pela cabeça abaixo que era o baptismo. A partir dai fui caminhando nesta actividade e fui ganhando o gosto pela arbitragem, fazendo grandes jogos a nível distrital recebendo criticas positivas e algumas negativas no meu desempenho como arbitro. Recebi mais tarde um convite do Teixeira Correia para fazer equipa com ele a nível nacional e assim foi andei com ele durante 5 anos, juntamente com Joaquim Setúbal, José Severo,Palma Ribeiro e Arnaldo Aguiar (homem de uma humildade extraordinária, amigo do seu amigo). Depois TCorreia disse-me que eu tinha condições para singrar como arbitro e desfizemos a equipa começando eu a luta para progredir na carreira como arbitro na tentativa de subir de patamar, e certo dia recebo uma marcação para o jogo Cab. Gorda/Figueirense com Veiga Trigo a arbitrar e eu a Fiscal de Linha ( não dormi) e lá fui numa 4L que não se podia abrir o vidro, senão ficava com ele na mão, correu tudo bem acabou o jogo e como de costume íamos beber um copo,aparecendo o presidente do conselho de arbitragem naquela altura era o Sr Serra e ouvi Veiga Trigo dizer «Não marquem este moço com qualquer um, é um bom fiscal de linha e tem futuro como árbitro» claro que estas palavras deram-me animo e força para continuar. Até que uma arreliadora lesão ao joelho direito (fratura de menisco) estragou todas as ambições e me afastou dos campos durante 6 anos,mas o gosto pela causa era forte e todos os dias o bichinho mordia resolvi então ser operado, regressando aquilo que tanto gostava ser arbitro de futebol, mas os anos passaram e a idade já era outra e a confiança no joelho não era muita. Então recebi um convite de Palma Ribeiro para o auxiliar na 3ª Divisão Nacional e aceitei e durante dois anos andei com ele no Nacional, desentendemo-nos e sai pensando não mais ser arbitro. Até que surge o convite do Manuel Costa e depois de pensar bem aceitei e foram 9 anos até atingir o limite de idade como Arbitro Assistente no Nacional. Já me alonguei demais, ficam ainda outras historias de vida na arbitragem para contar, fico por aqui.

AFF - Passou anos e anos no Futebol de 11 mas é no Futsal que melhor se sente, como se deu a sua entrada nesta modalidade?
JT - Tem que se gostar da modalidade para se ser arbitro de Futsal, não é para qualquer um. O futebol de onze já tem barbas de velho e o futsal é um bebezinho que nos gostamos.
Futsal é paixão e eu fui contaminado por essa paixão quando em 1998, o Conselho de Arbitragem convidou a mim e ao Jaime Vieira a participar no Curso de Monitores de Futsal da Federação Portuguesa de Futebol e a partir dai começamos a introduzir a regras oficiais nos Torneios que participávamos como árbitros. Como atingi o limite de idade em 2005 disponibilizei-me para continuar como observador de futebol de onze e verifiquei que havia uma lacuna na nossa Associação na área do Futsal e todos os anos era complicado indicar um arbitro aos quadros nacionais de futsal, então e perante convite do Presidente Soeiro iniciei um trabalho nessa área e a qual deu frutos com a minha subida ao Quadro Nacional de Observadores, e nos anos seguintes conseguimos meter o Daniel e o Adão nos quadros Nacionais da FPF. E claro que cada vez estou mais agarrado ao Futsal (até já me chamam o Sr Futsal), porque encontrei a nível nacional um grupo fantástico na classe de Observadores e tenho proporcionado

AFF - Que meta se propõe a atingir enquanto observador? Quais as suas ambições.
JT -A meta a atingir é melhorar ano após ano fazendo sempre melhor para prestigiar a minha a Associação de Futebol de Beja e claro o meu Conselho de Arbitragem. No Futsal ainda não há Liga e estamos sempre com o credo na boca porque do Quadro Nacional só podemos descer para o Distrital, não há mais promoções. Vou procurando safar-me e um dia a casa vai abaixo ou construo um castelo. As minhas ambições é procurar melhorar os árbitros do meu distrito para que sejam encaminhados para os Nacionais e que façam boa figura nos nacionais para progredirem na carreira.

AFF - O Futsal na A.F.Beja está um pouco em atraso quando comparado a outros pontos do país. E a arbitragem distrital de futsal tem pernas para andar ou também fica condicionada pelas circunstâncias?
JT - Eu vejo o Futsal com outros olhos e noto alguma evolução. Vivemos com o que temos e este ano vi bons jogos a nível distrital com arbitragens de bom nível. Houve um trabalho mais a serio por parte da AFBeja, louvo o trabalho do Prof Acácio e sua equipa que deu outra dinâmica ao distrital e vamos aproveitar a embalagem para dar passos em frente (tem a palavra os Técnicos e equipas que se dedicam á modalidade). A Arbitragem nesta vertente a nível distrital esta no caminho certo e teremos talvez já esta época um quadro só de árbitros de futsal, agora a nível de clubes alguns já falam em formação e aí sim começo a acreditar, acho que falta o clik dos «papazinhos e mamazinhas verificarem que no Futsal o meu menino não anda á chuva não apanha vento nem se enlameia....» porque infraestruturas já temos por esse distrito fora.

AFF - Concorda com a introdução das novas tecnologias no futsal para evitar alguns erros dos árbitros?
JT - Tudo o que é em prol da verdade desportiva é benvindo em qualquer modalidade e o futsal não foge á regra. As novas tecnologias a aplicar tem que ser bem estudadas e claro tem que estar ao alcance de todos e isso é caríssimo. Então, sejamos um pouco conservadores e deixemos os árbitros fazer o seu trabalho sem climas de suspeição e pressão. Não podemos querer ganhar os jogos com erros a nosso favor e depois contra nós vamos injuriar e ofender os árbitros. Quer queiram, quer não a nossa arbitragem está num nível muito bom e vimos agora no Mundial e no Futsal temos uma arbitragem muito bem conceituada e em bom nível. Não queria deixar de referir que não é arbitro de futsal quem quer é quem tem vocação para arbitragem, requer muita concentração e atenção em todos os aspectos quer técnicos, quer disciplinares. (No futebol de 11 qual é o arbitro que contabiliza as faltas que já ocorreram e tem de memoria os cartões exibidos? Não sei se me faço entender...........claro num arbitro que se preze.

1 comentário:

Anónimo disse...

Queria dar os parabéns ao criador deste blog está a fazer um trabalho excelente, há muito que a Arbitragem do distrito de Beja precisava de uma coisa assim.
Um grande abraço.

Miguel Serpa